quinta-feira, 31 de maio de 2012

EVANGELHO E ALEGRIA

Grande injustiça comete quem afirma encontrar no Evangelho a religião da tristeza e da
amargura.
Indubitavelmente, o sacerdócio muita vez impregnou o horizonte cristão de nuvens
sombrias, com certas etiquetas do culto exterior, mas o Cristianismo, em sua essência, é
a revelação da profunda alegria do Céu entre as sombras da Terra.
A vinda do Mestre é precedida pela visitação do anjos.
Maria, jubilosa, conversa com um mensageiro divino que a esclarece sobre a chegada do
Embaixador Celestial.
Nasce Jesus na manjedoura humilde, que se deslumbra ao clarão de inesperada estrela.
Tratadores rústicos são chamados por um emissário espiritual, repentinamente
materializado à frente deles, declarando-se portador das “notícias de grande alegria” para
todos o povo. No mesmo instante, vozes cristalinas entoam cânticos na Altura,
glorificando o Criador e exaltando a paz e a boa-vontade entre os homens.
Começam a reinar o contentamento e a esperança...
Mais tarde, o Mestre inicia o seu apostolado numa festa nupcial, assinalando os júbilos da
família.
Como que percebendo limitação e estreiteza em qualquer templo de pedra para a sua
palavra no mundo, o Senhor principia as suas pregações à beira do lago, em pleno
santuário da natureza. Flores e pássaros, luz e perfume representam a moldura de sua
doutrinação.
Multidões ouvem-lhe a voz balsamizante.
Doentes e aleijados tocam-se de infinitas consolações.
Pobres e aflitos entrevêem novos horizontes no futuro.
Mulheres e crianças acompanham-no, alegremente.
O Sermão da Montanha é o hino das bem-aventuranças, suprimindo a aflição e o
desespero.
Por onde passa o Divino Amigo, estabelece-se o contentamento contagiante.
Em pleno campo, multiplica-se o pão destinado aos famintos.
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O tratamento dispensado pelo Mestre aos sofredores, considerados inúteis ou
desprezíveis, cria novos padrões de confiança no mundo.
Desdobra-se o apostolado da Boa Nova, no clima da alegria perfeita.
Cada criatura que registra as notas consoladoras do Evangelho começa a contemplar o
mundo e a vida, através de prisma diferente.
Surge-lhe a Terra por bendita escola de preparação espiritual, com serviço santificante
para todos.
Cada enfermo que se refaz para a saúde é veículo de bom ânimo para a comunidade
inteira.
Cada sofredor que se reconforta constitui edificação moral para a turba imensa.
Madalena, que se engrandece no amor, é a beleza que renasce eterna, e Lázaro, que se
ergue do sepulcro, é a vida triunfante que ressurge imortal.
E, ainda, do suor sangrento das lágrimas da cruz, o Senhor faz que flua o manancial da
vida vitoriosa pra o mundo inteiro, com o sol da ressurreição a irradiar-se para a
Humanidade, sustentando-lhe o crescimento espiritual na direção dos séculos sem-fim.

(Roteiro; cap. 14)

quarta-feira, 30 de maio de 2012

COOPERAÇÃO




E ele respondeu: Como poderei entender se alguém me não ensinar?” — (ATOS, capítulo 8, versículo 31.)


Desde a vinda de Jesus, o movimento de edu­cação renovadora para o bem é dos mais impressio­nantes no seio da Humanidade.
Em toda parte, ergueram-se templos, divulgaram-se livros portadores de princípios sagrados.
Percebe-se em toda essa atividade a atuação sutil e magnânima do Mestre que não perde ocasião de atrair as criaturas de Deus para o Infinito Amor. Desse quadro bendito de trabalho destaca-se, porém, a cooperação fraternal que o Cristo nos deixou, como norma imprescindível ao desdobramento da ilumina­ção eterna do mundo.
Ninguém guarde a presunção de elevar-se sem o auxílio dos outros, embora não deva buscar a con­dição parasitária para a ascensão. Referimo-nos à solidariedade, ao amparo proveitoso, ao concurso edificante. Os que aprendem alguma coisa sempre se valem dos homens que já passaram, e não seguem além se lhes falta o interesse dos contemporâneos, ainda que esse interesse seja mínimo.
Os apóstolos necessitaram do Cristo que, por sua vez, fez questão de prender os ensinamentos, de que era o divino emissário, às antigas leis.
Paulo de Tarso precisou de Ananias para enten­der a própria situação.
Observemos o versículo acima, extraido dos Atos dos Apóstolos. Filipe achava-se despreocupado, quando um anjo do Senhor o mandou para o caminho que descia de Jerusalém para Gaza. O discípulo atende e aí encontra um homem que lia a Lei sem compreendê-la. E entram ambos em santificado es­forço de cooperação.
Ninguém permanece abandonado. Os mensagei­ros do Cristo socorrem sempre nas estradas mais desertas. É necessário, porém, que a alma aceite a sua condição de necessidade e não despreze o ato de aprender com humildade, pois não devemos es­quecer, através do texto evangélico, que o mendigo de entendimento era o mordomo-mor da rainha dos etíopes, superintendente de todos os seus tesouros. Além disso, ele ia de carro e Filipe, a pé.

(Caminho, Verdade e Vida; cap. 175)

terça-feira, 29 de maio de 2012

TRISTEZA




Porque a tristeza, segundo Deus, opera arrependimento para a salvação, o qual não traz pesar; mas a tristeza do mundo gera a morte.” — Paulo. (2ª EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS, capítulo 7, versículo 10.)


Conforme observamos na advertência de Paulo, há “uma tristeza segundo Deus” e outra “segundo a Terra”. A primeira soluciona problemas atinentes àvida verdadeira, a segunda é caminho para a morte, como símbolo de estagnação, no desvio dos senti­mentos.
Muita gente considera virtudes a lamentação in­cessante e o tédio continuado. Encontramos os tristes pela ausência de dinheiro adequado aos excessos; vemos os torturados que se lastimam pela impossibi­lidade de praticar o mal; ouvimos os viciados na queixa doentia, incapazes do prazer de servir sem aguilhões. Essa é a tristeza do mundo que prende o Espírito à teia de reencarnações corretivas e peri­gOsaS.
Raros homens se tocam da “tristeza segundo Deus”. Muito poucos contemplam a si próprios, con­siderando a extensão das falhas que lhes dizem respeito, em marcha para a restauração da vida, no presente e no porvir. Quem avança por esse caminho redentor, se chora jamais atinge o plano do soluço enfermiço e da inutilidade, porque sabe reajustar-se, valendo-se do tempo, a golpes benditos de esforço para as novas edificações do destino.

(Caminho, Verdade e Vida; cap. 130)

segunda-feira, 21 de maio de 2012

EVANGELHO E EDUCAÇÃO

Quando o mestre confiou ao mundo a divina mensagem da Boa Nova, a Terra, sem
dúvida, não se achava desprovida de sólida cultura.
Na Grécia, as artes haviam atingido luminosa culminância e, em Roma, bibliotecas
preciosas circulavam por toda parte, divulgando a política e a ciência, a filosofia e a
religião.
Os escritores possuíam corpos de copistas especializados e professores eméritos
conservavam tradições e ensinamentos, preservando o tesouro da inteligência.
Prosperava a instituição, em todos os lugares, mas a educação demorava-se em
lamentável pobreza.
O cativeiro consagrado por lei era flagelo comum.
A mulher, aviltada em quase todas as regiões, recebia tratamento inferior ao que se
dispensava aos cavalos.
Homens de consciência enobrecia, por infelicidade financeira ou por questiúnculas de
raça, eram assinalados a ferro candente e submetidos à penosa servidão, anotados como
animais.
Os pais podiam vender os filhos.
Era razoável cegar os vencidos e aproveita-los em serviços domésticos.
As crianças fracas eram, quase sempre, punidas com a morte.
Enfermos eram sentenciados ao abandono.
As mulheres infelizes podiam ser apedrejadas com o beneplácito da justiça.
Os mutilados deviam perecer nos campos de luta, categorizados à conta de carne inútil.
Qualquer tirano desfrutava o direito do reduzir os governados à extrema penúria, sem ser
incomodado por ninguém.
Feras devoravam homens vivos nos espetáculos e divertimentos públicos, com aplauso
geral.
Rara a festividade do povo que transcorria sem vasta efusão de sangue humano, como
impositivo natural dos costumes.
Com Jesus, entretanto, começa uma era nova para o sentimento.
Condenado ao supremo sacrifício, sem reclamar, e rogando o perdão celeste para
aqueles que o vergastavam a feriam, instila no ânimo dos seguidores novas disposições
espirituais.
Iluminados pela Divina Influência, os discípulos do Mestre consagram-se ao serviço dos
semelhantes.
Simão Pedro e os companheiros dedicam-se aos doentes e infortunados.
Instituem-se casas de socorro para os necessitados e escolas de evangelização para o
espírito popular.
Pouco a pouco, altera-se a paisagem social, no curso dos séculos.
Dilacerados e atormentados, entregues ao supremo sacrifício nas demonstrações
sanguinolentas dos tribunais e das praças públicas, ou trancafiados nas prisões, os
aprendizes do Evangelho ensinam a compaixão e a solidariedade, a bondade e o amor, a
fortaleza moral e a esperança.
Há grupos de servidores, que se devotam ao trabalho remunerado para a libertação de
numerosos cativos.
Senhores da fortuna e da terra, tocados nas fibras mais íntimas, devolvem escravos ao
mundo livre.
Doentes encontram remédio, mendigos acham teto, desesperados se reconfortam, órfãos
são recebidos no lar.
Nova mentalidade surge na Terra.
O coração educado aparece, por abençoada luz, nas sombras da vida.
A gentileza e a afabilidade passam a reger o campo das boas maneiras e, sob a
inspiração do Mestre Crucificado, homens de pátrias e raças diferentes aprenderam a
encontrar-se com alegria, exclamando, felizes: _ “meu irmão”.

(Roteiro; cap. 21)

domingo, 20 de maio de 2012

JESUS VEIO




Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens.” — Paulo. (FILIPENSES, capítulo 2, versículo 7.)


Muitos discípulos falam de extremas dificuldades por estabelecer boas obras nos serviços de confrater­nização evangélica, alegando o estado infeliz de igno­rância em que se compraz imensa percentagem de criaturas da Terra.
Entretanto, tais reclamações não são justas.
Para executar sua divina missão de amor, Jesus não contou com a colaboração imediata de Espíritos aperfeiçoados e compreensivos e, sim, “aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens”.
Não podíamos ir ter com o Salvador, em sua posição sublime; todavia, o Mestre veio até nós, apa­gando temporariamente a sua auréola de luz, de ma­neira a beneficiar-nos sem traços de sensacionalismo.
O exemplo de Jesus, nesse particular, representa lição demasiado profunda.
Ninguém alegue conquistas intelectuais ou sen­timentais como razão para desentendimento com os irmãos da Terra.
Homem algum dos que passaram pelo orbe al­cançou as culminâncias do Cristo. No entanto, vemo-lo à mesa dos pecadores, dirigindo-se fraternalmente a meretrizes, ministrando seu derradeiro testemunho entre ladrões.
Se teu próximo não pode alçar-se ao plano espi­ritual em que te encontras, podes ir ao encontro dele, para o bom serviço da fraternidade e da iluminação, sem aparatos que lhe ofendam a inferioridade.
Recorda a demonstração do Mestre Divino.
Para vir a nós, aniquilou a si próprio, ingressando no mundo como filho sem berço e ausentando-se do trabalho glorioso, como servo crucificado.

(Caminho, Verdade, e Vida; cap. 8)

sábado, 19 de maio de 2012

MEDIUNIDADE



E nos últimos dias acontecerá, diz o Senhor, que do meu Espírito derramarei sobre toda carne; os vos­sos filhos e as vossas filhas profe­tizarão, vossos mancebos terão vi­sões e os vossos velhos sonharão sonhos.” — (ATOS, capítulo 2, versículo 17.)


No dia de Pentecostes, Jerusalém estava repleta de forasteiros. Filhos da Mesopotâmía, da Frígia, da Líbia, do Egito, cretenses, árabes, partos e romanos se aglomeravam na praça extensa, quando os dis­cípulos humildes do Nazareno anunciaram a Boa Nova, atendendo a cada grupo da multidão em seu idioma particular.
Uma onda de surpresa e de alegria invadiu o espírito geral.
Não faltaram os cépticos, no divino concerto, atribuindo à loucura e à embriaguez a revelação obser­vada. Simão Pedro destaca-se e esclarece que se trata da luz prometida pelos céus à escuridão da carne.
Desde esse dia, as claridades do Pentecostes jorraram sobre o mundo, incessantemente.
Até aí, os discípulos eram frágeis e indecisos, mas, dessa hora em diante, quebram as influências do meio, curam os doentes, levantam o espírito dos infortunados, fa­lam aos reis da Terra em nome do Senhor.
O poder de Jesus se lhes comunicara às energias reduzidas.
Estabelecera-se a era da mediunidade, alicerce de todas as realizações do Cristianismo, através dos séculos.
Contra o seu influxo, trabalham, até hoje, os pre­juízos morais que avassalam os caminhos do homem, mas é sobre a mediunidade, gloriosa luz dos céus oferecida às criaturas, no Pentecostes, que se edifi­cam as construções espirituais de todas as comuni­dades sinceras da Doutrina do Cristo e é ainda ela que, dilatada dos apóstolos ao círculo de todos os homens, ressurge no Espiritismo cristão, como a alma imortal do Cristianismo redivivo.

(Caminho, Verdade e Vida; cap. 10)

sexta-feira, 18 de maio de 2012

CAMINHOS CRUZADOS


“Sabendo primeiro isto:que nos últimos dias virão escarnecedores,
andando segundo as suas próprias concupiscências.”
(II PEDRO, 3:3)
De todos os elementos que tentam perturbar as obras divinas, os escarnecedores são os
mais dignos de piedade fraternal. É que são enfermos pouco suscetíveis de medicação,
em vista de serem profundamente ignorantes ou profundamente perversos.
O escarnecedor costuma aproximar-se dos trabalhadores fiéis das idéias novas exigindolhes
provas concludentes das afirmações espirituais que lhes constituem a divina base do
trabalho no mundo.
É interessante, porém, observar que pedem tudo, sem se disporem a dar coisa alguma.
Querem provas da verdade; contudo, não abandonam as cavernas mentais em que vivem
usualmente, nem mesmo para vê-las. Querem demonstrações espirituais agarrados, à
maneira de vermes, aos fenômenos materiais. Os infelizes não percebem que se
emparedaram no desconhecimento da vida, ou no egoísmo que lhes agrava os instintos
perversos. E tocam a rir nos caminhos do mundo, copiando os histriões da
irresponsabilidade e da indiferença. Zombam de todas as reflexões sérias, mofam de
todos os ideais do bem e da luz... Movimentam nobres patrimônios intelectuais no esforço
de destruir e, por vezes, conseguem cavar fundo abismo onde se encontram.
Os aprendizes sinceros do Evangelho devem, todavia, saber que semelhantes desviados
andarão na Terra segundo as próprias concupiscências. São folhas conscientes do mal
que só a Misericórdia Divina poderá transformar, ao sublime sopro de suas renovações.
É preciso não perder tempo com essa classe de perturbadores contrários as atividades do
bem. São expoentes do escárnio, condenados a receber as conseqüências dele. Por si
mesmos já são bastante desventurados.
Se, algum dia, cruzarem-te o caminho suporta-os com paciência e entrega-os a Deus.

(Segue-me; cap. 3)

quinta-feira, 17 de maio de 2012

RESISTÊNCIA ESPIRITUAL

"Era perto da meia-noite; Paulo e Silas oravam e
cantavam hinos a Deus e os outros presos os escutavam".
(Atos, 16:25)
Reveste-se de profundo simbolismo aquela atitude de Paulo e Silas nas
trevas da prisão. Quando numerosos encarcerados ali permaneciam sem
esperança, eis que os herdeiros de Jesus, embora dilacerados de açoites,
começam a orar, entoando hinos de confiança.
O mundo atual, na esteira de transições angustiosas e amargas, não
parece mergulhado nas sombras que precedem a meia-noite?
Conhecimentos generosos permanecem eclipsados. Noções de justiça e direito,
programas de paz
e tratados de assistência mútua são relegados a pianos de esquecimento. Animais
furiosos aproveitam a treva para se evadirem dos recônditos escaninhos da alma
humana, onde permaneciam guardados pela cobertura da civilização, e tentam
dominar as criaturas empregando o terror, a perseguição, a violência. Quantos jovens
jazem no cárcere das desilusões, da amargura, do remorso, do crime? Através de
caminhos desolados ao longo de campos que as bombas devastaram, dentro de
sombras frias, ha mães que choram, velhos desalentados, crianças perdidas. Quem
poderá contar as angústias da noite dolorosa? Os aprendizes do Evangelho,
igualmente, sofrem perseguições e calúnias e, em quase toda parte, são conduzidos
a testemunhos ásperos. Muitos envolveram-se nas nuvens pesadas, outros
esconderam-se fugindo a hora de sofrimentos; mas, os discípulos fieis, esses
suportam ainda acoites e pedradas e, não obstante as trevas insondáveis da meianoite
da civilização, oram nos santuários do espírito eterno e cantam cânticos de
esperança, alentando os companheiros.
Enquanto raras almas sabem perceber os primeiros rubores da alvorada, em
virtude da sombra extensa, recordemos os devotados obreiros do Mestre e
busquemos na prece ativa o refugio consolador. Se o mundo experimenta a
tempestade, procuremos a oração e o trabalho, a f é e o otimismo, porque outro
dia glorioso esta a nascer, e em Jesus Cristo repousa nossa resistência espiritual.

(Segue-me; cap. 2)

quarta-feira, 16 de maio de 2012

NO ROTEIRO DA FÉ


"Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, tome cada
dia a sua cruz e siga-me." Jesus - LUCAS 9:23
O aviso do Senhor é insofismável.
"Siga-me" - diz o Mestre.
Entretanto, há muita gente a lamentar-se de fracassos e desilusões, em matéria de
fé, nas escolas do Cristianismo, por não Lhe acatarem o conselho.
Buscam Jesus, fazendo a idolatria em derredor de seus intermediários humanos e,
como toda criatura terrestre, os intermediários humanos do Evangelho não podem
substituir o Cristo, junto à sede das almas.
Aqui, é o padre católico, caridoso e sincero, contudo, incapaz de oferecer a
santidade perfeita.
Ali, é o pastor da Igreja Reformada, atento e nobre, mas inabilitado à demonstração
de todas as virtudes.
Acolá, é o médium espírita, abnegado e diligente, todavia distante da própria
sublimação.
Mais além, surgem doutrinadores e comentaristas, companheiros e parentes,
afeiçoados ao estudo e excelentes amigos, mas ainda longe da integração com o
Benfeitor Eterno.
E quase sempre aqueles que o acompanham, na suposição de buscarem o Cristo,
ante os mínimos erros a que se arrojam, por força da invigilância ou inexperiência,
retiram-se, apressados, do serviço espiritual, alegando desapontamento e amargura.
O convite do Senhor, no entanto, não deixa margem à dúvida.
Não desconhecia Jesus que todos nós, os Espíritos encarnados ou desencarnados
que suspiramos pela comunhão com Ele, somos portadores de cicatrizes e aflições,
dívidas e defeitos, muitas vezes escabrosos. Daí o recomendar-nos: - "Se alguém quer vir
após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me".
Se te dispõe, desse modo, a encontrar o Senhor para a edificação da tua felicidade,
renuncia com desassombro às bagatelas da estrada, suporta corajosamente as
conseqüências dos teus atos de ontem e de hoje e procura Jesus por Divino Modelo.
Não olvides que há muita diferença entre seguir o Cristo e seguir os cristãos.
21
16 - NA SENDA DO CRISTO
“Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem.”
– Jesus. (Mateus. 5:44.)
O caminho de Jesus é de vitória da luz sobre as trevas e, por isso mesmo, repleto de
obstáculos a vencer.
Senda de espinhos gerando flores, calvário e cruz indicando ressurreição...
O próprio Mestre, desde o início do apostolado, desvenda às criaturas o retiro da
elevação pelo sacrifício.
Sofre, renunciando ao divino esplendor do Céu, para acomodar-se à sombra terrestre na
estrebaria.
Experimenta a incompreensão de sua época.
Auxilia sem paga.
Serve sem recompensa.
Padece a desconfiança dos mais amados.
Depois de oferecer sublime espetáculo de abnegação e grandeza, é içado ao madeiro por
malfeitor comum.
Ainda assim, perdoa aos verdugos, olvida as ofensas e volta do túmulo para ajudar.
Todos os seus companheiros de ministério, restaurados na confiança, testemunharam a
Boa Nova, atravessando dificuldade e luta, martírio e flagelação.
Inúteis, desse modo, nos círculos de nossa fé, os petitórios de protecionismo e vantagens
inferiores.
Ressurgindo no Espiritismo, o Evangelho faz-nos sentir que tornamos à carne para
regenerar e reaprender.
Com o corpo físico, retomamos nossos débitos, nossas deficiências, nossas fraquezas e
nossas aversões...
E não superaremos os entraves da própria liberação, providenciando ajuste inadequado
com os nossos desejos inconseqüentes.
Acusar, reclamar, queixar-se, não são verbos conjugáveis no campo de nossos princípios.
Disse-nos o Senhor -"Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem.”
Isso não quer dizer que devamos ajoelhar em pranto de penitência pé de nossos
adversários, mas sim que nos compete viver de tal modo que eles se sintam auxiliados
por nossa atitude e por nosso exemplo, renovando-se para a o bem, de vez que,
enquanto houver crime e sofrimento, ignorância e miséria no mundo, não podemos
encontrar sobre a Terra a luz do Reino do Céu.

(Palavras de Vida Eterna; cap. 15)

terça-feira, 15 de maio de 2012

TESTE

"Jesus, porém, não lho permitiu, mas ordenou-lhe:
vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo
o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti."
(Marcos, 5:19.)
A exortação de Cristo ao obsidiado, restituído ao próprio equilíbrio, dá que pensar.
Jesus, inicialmente, não lhe permite acompanhá-lo, no apostolado das Boas Novas,
alardeando, de público, a alegria de que se vê possuído. Ao invés de júbilos antecipados,
recomenda-lhe o retorno ao ambiente caseiro, para revelar aos familiares os benefícios de
que se fizera depositário, ante a Providência Divina.
Indiscutivelmente, com semelhante lição, impele-nos o Senhor a reconhecer que é no
circulo mais íntimo, seja no lar ou na profissão, que nos cabe patentear a solidez das
virtudes adquiridas. Isso porque anunciar princípios superiores, através da aplicação
prática à renovação e ao aperfeiçoamento que nos impõem, diante daqueles que nos
conhecem as deficiências e falhas, é a fórmula verdadeira de testar a nossa capacidade
de veiculá-los, com êxito, em plano mais vasto e mais elevado.
A indicação não deixa dúvidas.
Se já nos aproximamos do Cristo, assimilando-lhes as mensagens de vida eterna,
procuremos comunicá-las, pelo idioma do exemplo, primeiramente aos nossos, aos que
nos compartilham as maneiras e os hábitos, as dificuldades e as alegrias. Se aprovados
na escola doméstica, onde somos mais rigorosamente policiados, quanto ao
aproveitamento real dos ensinamentos nobilitantes que admitimos e apregoamos, decerto
que nos acharemos francamente habilitados para o testemunho do Senhor, junto da
Humanidade, nossa família maior.

(Palavras de Vida Eterna; cap. 168)

segunda-feira, 14 de maio de 2012

PALAVRAS DE VIDA ETERNA




Tu tens as palavras da vida eter­na.” — Simão Pedro. (JOÃO, capítulo 6, versículo 68.)


Rodeiam-te as palavras, em todas as fases da luta e em todos os ângulos do caminho.
Frases respeitáveis que se referem aos teus de­veres.
Verbo amigo trazido por dedicações que te rea­nimam e consolam.
Opiniões acerca de assuntos que te não dizem respeito.
Sugestões de variadas origens.
Preleções valiosas.
Discursos vazios que os teus ouvidos lançam ao vento.
Palavras faladas... palavras escritas...
Dentre as expressões verbalistas articuladas ou silenciosas, junto das quais a tua mente se desenvol­ve, encontrarás, porém, as palavras da vida eterna.
Guarda teu coração à escuta.
Nascem do amor insondável do Cristo, como a água pura do seio imenso da Terra.
Muitas vezes te manténs despercebido e não lhes assinalas o aviso, o cântico, a lição e a beleza.
Vigia no mundo, isolado de ti mesmo, para que lhes não percas o sabor e a claridade.
Exortam-te a considerar a grandeza de Deus e a viver de conformidade com as Suas Leis.
Referem-se ao Planeta como sendo nosso lar e à Humanidade como sendo a nossa família.
Revelam no amor o laço que nos une a todos.
Indicam no trabalho o nosso roteiro de evolução e aperfeiçoamento.
Descerram os horizontes divinos da vida e ensi­nam-nos a levantar os olhos para o mais alto e para o mais além.
Palavras, palavras, palavras..
Esquece aquelas que te incitam à inutilidade, aproveita quantas te mostram as obrigações justas e te ensinam a engrandecer a existência, mas não olvides as frases que te acordam para a luz e para o bem; elas podem penetrar o nosso coração, atra­vés de um amigo, de uma carta, de uma página ou de um livro, mas, no fundo, procedem sempre de Jesus, o Divino Amigo das Criaturas.
Retém contigo as palavras da vida eterna, por­que são as santificadoras do espírito, na experiência de cada dia, e, sobretudo, o nosso seguro apoio men­tal nas horas difíceis das grandes renovações.

(Fonte Viva; cap. 59)

domingo, 13 de maio de 2012

Mãe - Emmanuel

HONRARÁS pai e mãe – a Lei determina.

Não te esqueças, porém, de que nove meses antes que os outros te vissem a face, a tua presença na Terra era o segredo da vida, entre o devotamento materno e o Mundo Espiritual.

Na juventude ou na madureza, lembrar-te-ás da mulher frágil que, sendo moça, envelheceu, de repente, para que desabrochasses à luz, e trazendo o ideal da felicidade como sendo uma taça trasbordante de sonhos, preferiu trocá-los por lágrimas de sofrimento, para que tivesses segurança no berço.

Agradecerás a todos os benfeitores do caminho, mas particularmente a ela, que transfigurou em força a própria fraqueza, a fim de preservar-te.

Quando o mundo te aclame a cultura ou o poder, o renome ou a fortuna, recorda aquela que não apenas te assegurou o equilíbrio, ensinando-te a caminhar, mas também atravessou longos meses de vigília, esperando que viesses a pronunciar as palavras primeiras para melhor escravizar-se à execução de teus desejos.

Muitos disseram que ela estava em delírio, cega de amor, que nada via senão a ti, entretanto compreenderás que ela precisava de uma ternura assim sobre-humana, de modo a esquecer-se e suportar-te as necessidades, até que lhe pudesses dispensar, de todo, o carinho.

Se motivos humanos a distanciam hoje de ti, que isso aconteça tão só na superfície das circunstancias, nunca nos domínios da alma, porque através dos fios ocultos do pensamento, sentir-lhe-ás os braços sustentando-te as esperanças e abençoando-te as horas.

Nunca ferirás tua mãe.
Ainda quando o discernimento te coloque em posição diversa, em matéria de opinião, porque ela se tenha habituado a interpretação diferente do mundo, não lhe dilaceres a confiança com apontamentos intempestivos e espera, com paciência, que o tempo lhe descortine novos horizontes, relativamente à verdade.

“Honrarás pai e mãe” – a Lei determina.

Não te esquecerás, porém, de que se teu pai é o companheiro generoso que te descerrou o caminho para a romagem terrestre, tua mãe é o génio tutelar que te acompanha os passos, em toda a vida, a iluminar-te o coração por dentro, com a bondade e a perseverança da luz de uma estrela.

Emmanuel

sábado, 12 de maio de 2012

ANTE A LIÇÃO




Considera o que te digo, porque o Senhor te dará entendimento em tudo.” — Paulo. (2ª EPÍSTOLA A TIMÓTEO, capítulo 2, versículo 7.)


Ante a exposição da verdade, não te esquives à meditação sobre as luzes que recebes.
Quem fita o céu, de relance, sem contemplá-lo, não enxerga as estrelas; e quem ouve uma sinfonia, sem abrir-lhe a acústica da alma, não lhe percebe as notas divinas.
Debalde escutarás a palavra inspirada de pre­gadores ardentes, se não descerrares o coração para que o teu sentimento mergulhe na claridade bendita daquela.
Inúmeros seguidores do Evangelho se queixam da incapacidade de retenção dos ensinos da Boa Nova, afirmando-se ineptos à frente das novas revelações, e isto porque não dispensam maior trato à lição ouvida, demorando-se longo tempo na provin­cia da distração e da leviandade.
Quando a câmara permanece sombria, somos nós quem desata o ferrolho à janela para que o sol nos visite.
Dediquemos algum esforço à graça da lição e a lição nos responderá com as suas graças.
O apóstolo dos gentios é claro na observação.
Considera o que te digo, porque, então, o Senhor te dará entendimento em tudo.”
Considerar significa examinar, atender, refletir e apreciar.
Estejamos, pois, convencidos de que, prestando atenção aos apontamentos do Código da Vida Eterna, o Senhor, em retribuição à nossa boa-vontade, dar-nos-á entendimento em tudo.

(Fonte Viva; cap. 1)

sexta-feira, 11 de maio de 2012

LUZ EM NOSSAS MÃOS


"Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus,
Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com aparências exteriores".
(Lucas, 17:20).
A Terra de hoje reúne povos de vanguarda na esfera da inteligência.
Cidades enormes são usadas, à feição de ninhos gigantescos de cimento e aço, por
agrupamentos de milhões de pessoas.
A energia elétrica assegura a circulação da força necessária à manutenção do trabalho e do
conforto doméstico.
A Ciência garante a higiene.
O automóvel ganha tempo e encurta distâncias.
A imprensa a radio e a televisão interligam milhares de criaturas, num só instante, na mesma
faixa de pensamento.
A escola abrilhanta o cérebro.
A técnica orienta a indústria.
Os institutos sociais patrocinam os assuntos de previdência e segurança.
O comércio, sabiamente dirigido, atende ao consumo com precisão.
Entretanto, estaremos diante de civilização impecável?
À frente desses empórios resplendentes de cultura e progresso material, recordemos a
palavra dos instrutores de Allan Kardec, nas bases da Codificação do Espiritismo.
Perguntando a eles 'por que indícios se pode reconhecer uma civilização completa, através
da Questão número 793, constante de "O Livro dos Espíritos", deles recolheu a seguinte resposta:
"Reconhecê-la-eis pelo desenvolvimento moral. Credes que estais muito adiantados porque
tendes feito grandes descobertas e obtido maravilhosas invenções; porque vos alojais e vestis
melhor do que os selvagens. Todavia, não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos
civilizados, senão quando de vossa sociedade houverdes banido os vícios que a desonram e
quando viverdes, como irmãos, praticando a caridade cristã. Até então sereis apenas povos
esclarecidos, que hão percorrido a primeira fase da civilização".
Espíritas, irmãos! Rememoremos a advertência do Cristo quando nos afirma que o reino de
Deus não vem até nós com aparências exteriores; para edificá-lo não nos esqueçamos de que a
Doutrina Espírita é luz em nossas mãos. Reflitamos nisso.

(Segue-me; cap. 13)

quinta-feira, 10 de maio de 2012

FILHOS DE DEUS

"Na vossa paciência, possui as nossas almas". - Jesus
(Lucas, 21:19)
Afinal de contas, ter paciência não será sorrir para as maldades humanas, nem
coonestar suas atividades indignas sobre a face do mundo.
Concordar alguém com todos os males da senda terrestre, a pretexto de revelar
essa virtude, seria um contra-senso absurdo. Ter paciência, então, será resistir aos
impulsos inferiores que nos cerquem na estrada evolutiva, conduzindo todo o bem que
nos seja possível aos seres e coisas que se achem diante de nos, como a
representação desses mesmos Impulsos.
J e s u s f o i o mo d e l o d a paciência suprema e resistiu a nossa
inferioridade, amando-nos. Não se nivelou com as nossas fraquezas, mas valeuse
de todas as ocasiões para nos melhorar e conduzir ao bem. Sua miseric6rdia
tomou os nossos pecados e transformou cada um em profunda lição para a
reforma de nos mesmos. Não aplaudiu as nossas misérias, nem sorriu para os
nossos erros, mas compreendeu-nos as deficiências e amparou-nos. Embora
tudo isso, resistiu-nos sempre, dentro de seu amor, ate a cruz do martírio.
A paciência do Cristo e um livro aberto para todos os corações inclinados ao
bem e a verdade.
Somente pela sincera resistência ao mal, com a disposição fiel de transforma-lo no
bem, conseguireis possuir as vossas almas. Ao contrario disso, ainda que vos
sintais autônomos e fortes, vos mesmos e que sereis possuídos por tendências
indignas ou sentimentos inferiores.
Portanto, justo e que busqueis saber, hoje mesmo, se já possuis os vossos
corações ou se estais ocupados pelas forcas estranhas ao vosso titulo de filho de
Deus.

(Segue-me; cap. 5)

quarta-feira, 9 de maio de 2012

DEUS TE ABENÇOA


"Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus..."
- Paulo (II CORÍNTIOS, 8:1.)
Acreditas-te frágil, mas Deus te suprirá de energias.
Reconheces a própria limitação, mas Deus te conferirá crescimento.
Afirmas-te sem ânimo, mas Deus te propicia coragem.
Declaras-te pobre, mas dispões das riquezas infinitas de Deus.
Entendamos, porém, que o processo de assimilar os recursos divinos será sempre o
serviço prestado aos outros.
Não alegues, assim, fraqueza, inaptidão, desalento ou penúria para desistir do lugar que
te cabe no edifício do bem.
Pela hora do otimismo com que amparas o trabalho dos companheiros, Deus te abençoa.
Pelo gesto silencioso com que escoras o equilíbrio geral, Deus te abençoa.
Pela frase caridosa e esclarecedora com que asseguras o entendimento fraterno, Deus te
abençoa.
Pela migalha de socorro ou de tempo despendes no apoio aos necessitados, Deus te
abençoa.
Pela atitude de tolerância e serenidade, à frente da incompreensão, Deus te abençoa.
Convivemos, sem dúvida, com almas heróicas, habilitadas aos mais altos testemunhos de
fé em Deus, através do sacrifício pela felicidade dos semelhantes, mas Deus que
abençoa o rio capaz de garantir as searas do campo, abençoa também a gota de orvalho
que ameniza a sede da rosa.
Se erros e desacertos nos marcaram a estrada até ontem, voltemo-nos para Deus com
sinceridade, refazendo a esperança e suportando sem mágoa, as acusações do caminho.
O homem, às vezes, passa enojado, à frente do charco, sem perceber que Deus alentou
no charco os lírios que lhe encantam a mesa.
A face disso, se alguém te censura ouve com paci6encia. Se existe sensatez na
repreensão, aproveita o conselho; se for injusto o reproche, conserva a alma tranqüila, na
limpeza da consciência.
Em qualquer dificuldade, arrima-te a confiança, trabalhando e servindo com alegria, na
certeza invariável de que Deus te vê e te abençoa.

(Palavras de Vida Eterna; cap. 180)

terça-feira, 8 de maio de 2012

DISCERNIR E CORRIGIR


“... com o critério com que julgardes sereis julgados;
e com a medida com que tiverdes medido vos medirão também”.
– Jesus (MATEUS, 7:2)
Viste o companheiro em necessidade e comentaste-lhe a posição...
Possuía ele recursos expressivos e, talvez por imprevidência, caiu em penúria dolorosa...
Usufrui conhecimentos superiores e feriu-te a sensibilidade por arrojar-se em terríveis
despenhadeiros do coração que, às vezes, os últimos dos menos instruídos conseguem
facilmente evitar...
Detinha oportunidades de melhoria, com as quais milhares de criaturas sonham debalde e
procedeu impensadamente, qual se não retivesse as vantagens que lhe brilham nas
mãos...
Desfruta ambiente distinto, capaz de guindá-lo às alturas e prefere desconhecer as
circunstâncias que o favorecem, mergulhando-se na sombra das atitudes negativas...
Mantinha valiosas possibilidades de elevação espiritual, no levantamento de apostolados
sublimes, e emaranhou-se em tramas obsessivas que lhe exaurem as forças...
Tudo isso, realmente, podes observar e referir.
Entra, porém, na esfera do próprio entendimento e capacita-te de que te não é possível a
imediata penetração no campo das causas.
Ignoramos qual teria sido o nosso comportamento na trilha do companheiro em
dificuldade, com a soma dos problemas que lhe pesam no espírito.
Não te permitas, assim, pensar ou agir, diante dele, sem que a fraternidade te comande
as definições.
Ainda mesmo no esclarecimento absoluto que, em casos numerosos, reclama
austeridade sobre nós mesmos, é possível propiciar o remédio da fraqueza a doentes da
alma pelo veículo da compaixão, como se administra piedosamente a cirurgia aos
acidentados.
Se conseguimos discernir o bem do mal, é que já conhecemos o mal e o bem, e se o
Senhor nos permite identificar as necessidades alheias, é porque, de um modo ou de
outro, já podemos auxiliar.

(Palavras de Vida Eterna; cap. 179)

segunda-feira, 7 de maio de 2012

PALAVRAS DE MÃE




Sua mãe disse aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser.” - (JOÃO, capítulo 2, versículo 5.)


O Evangelho é roteiro iluminado do qual Jesus é o centro divino. Nessa Carta da Redenção, rodean­do-lhe a figura celeste, existem palavras, lembranças, dádivas e indicaçõeS muito amadas dos que lhe foram legítimos colaboradores no mundo.
Recebemos aí recordações amigas de Paulo, de João, de Pedro, de companheiros outros do Senhor, e que não poderemos esquecer.
Temos igualmente, no Documento Sagrado, re­miniscências de Maria. Examinemos suas preciosas palavras em Caná, cheias de sabedoria e amor ma­terno.
Geralmente, quando os filhos procuram a cari­nhosa intervenção de mãe é que se sentem órfãos de ânimo ou necessitados de alegria. Por isso mesmo, em todos os lugares do mundo, é comum observarmos filhos discutindo com os pais e chorando ante cora­ções maternos.
Interpretada com justiça por anjo tutelar do Cristianismo, às vezes é com imensas aflições que recorremos a Maria.
Em verdade, o versículo do apóstolo João não se refere a paisagens dolorosas. O episódio ocorre numa festa de bodas, mas podemos aproveitar-lhe a sublime expressão simbólica.
Também nós estamos na festa de noivado do Evangelho com a Terra. Apesar dos quase vinte séculos decorridos, o júbilo ainda é de noivado, porqüanto não se verificou até agora a perfeita união... Nesse grande concerto da idéia renovadora, somos serventes humildes. Em muitas ocasiões, esgota-se o vinho da esperança. Sentimo-nos extenuados, desi­ludidos... Imploramos ternura maternal e eis que Maria nos responde: Fazei tudo quanto ele vos disser.
O conselho é sábio e profundo e foi colocado no princípio dos trabalhos de salvação.
Escutando semelhante advertência de Mãe, me­ditemos se realmente estaremos fazendo tudo quanto o Mestre nos disse.

(Caminho, Verdade e Vida; cap. 171)

domingo, 6 de maio de 2012

GLÓRIA CRISTÃ




Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência.” — Paulo. (2ª EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS, capítulo 1, versículo 12.)


Desde as tribos selvagens, que precederam a organização das famílias humanas, tem sido a Terra grande palco utilizado na exibição das glórias passa­geiras.
A concorrência intensificou a procura de titulos honorificos transitórios.
O mundo desde muito conhece glórias sangren­tas da luta homicida, glórias da avareza nos cofres da fortuna morta, do orgulho nos pergaminhos bra­sanados e inúteis, da vaidade nos prazeres mentirosos que precedem o sepulcro; a ciência cristaliza as que lhe dizem respeito nas academias isoladas; as reli­giões sectaristas nas pompas externas e nas expres­sões do proselitismo.
Num plano onde campeiam tantas glórias fáceis, a do cristão é mais profunda, mais difícil. A vitória do seguidor de Jesus é quase sempre no lado inverso dos triunfos mundanos. É o lado oculto. Raros con­seguem vê-lo com olhos mortais.
Entretanto, essa glória é tão grande que o mundo não a proporciona, nem pode subtraí-la. É o teste­munho da consciência própria, transformada em ta­bernáculo do Cristo vivo.
No instante divino dessa glorificação, deslumbra­-se a alma ante as perspectivas do Infinito. É que algo de estranho aconteceu aí dentro, na cripta mis­teriosa do coração: o filho achou seu Pai em plena eternidade.

(Caminho, Verdade e Vida; cap. 119)

sábado, 5 de maio de 2012

Definindo Rumos

Em verdade, meu amigo, terás encontrado no Espiritismo a tua renovação mental.
O fenômeno terá modificado as tuas convicções.
As conclusões filosóficas alteraram, decerto, a tua visão do mundo.
Admites, agora, a imortalidade do ser.
Sentes a excelsitude do teu próprio destino.
Mas se essa transformação da inteligência não te reergue o coração com o
aperfeiçoamento íntimo, se os princípios que abraças não te fazem melhor, à frente dos
nossos irmãos da Humanidade, para que te serve o conhecimento? Se uma força superior
te não educa as emoções, se a cultura te não dirige para a elevação do caráter e do
sentimento, que fazes do tesouro intelectual que a vida te confia?
Não vale o intercâmbio, somente pelo capricho atendido.
A expressão gritante do inabitual pode estar vazia de substância.
A ventania impetuosa que varre o solo, com imenso alarido, costuma gerar o deserto,
enquanto que o rio silencioso e simples garante a floresta e a cidade, os lares e os
rebanhos.
Se procuras contacto com o plano espiritual, recorda que a morte do corpo não nos
santifica. Além do túmulo, há também sábios e ignorantes, justos e injustos, corações no
céu e consciências no inferno purgatorial . . .
As excursões no desconhecido reclamam condutores.
O Cristo é o nosso Guia Divino para a conquista santificante do Mais Além...
Não te afastes dEle.
Registrarás sublimes narrações do Infinito na palavra dos grandes orientadores, ouvirás
muitas vozes amigas que te lisonjearão a personalidade, escutarás novidades que te
arrebatam ao êxtase, entretanto, somente com Jesus no Evangelho bem vivido é que
reestruturaremos a nossa individualidade eterna para a sublime ascensão à Consciência
do Universo.

Sem a Boa Nova, a nossa Doutrina Consoladora será provavelmente um formoso parque
de estudos e indagações, discussões e experimentos, reuniões e assembléias, louvores e
assombros, mas a felicidade não é produto de deduções e demonstrações.
Busquemos, pois, com o Celeste Benfeitor a lição da mente purificada, do coração aberto
à verdadeira fraternidade, das mãos ativas na prática do bem e o Evangelho nos ensinará
a encontrar no Espiritismo o caminho de amor e luz para a Alegria Perfeita.

(Livro Roteiro)
Emmanuel
Pedro Leopoldo , 10 de junho de 1952

sexta-feira, 4 de maio de 2012

O AMOR TUDO SOFRE


“Tudo sofre...”- Paulo
(I CORÍNTIOS, 13:7.)
O noticiário terrestre reporta-se diariamente a desvarios cometidos em nome do
amor.
Homicídios são perpetrados publicamente.
Suicídios sulcam de pranto e desolação a rota de lares esperançosos.
Furto, contenda, injúria e perversidade aprecem todos os dias invocando a
inspiração do sentimento sublime.
Mulheres indefesas, homens dignos, jovens promissores e infelizes crianças, em
toda a parte, sofrem abandono e aflição sob a legenda celeste.
Entretanto, só o egoísmo, traduzindo apego da alma ao bem próprio, é que
patrocina os golpes da delinqüência, os enganos da posse, os erros da impulsividade e os
desacertos da pressa... Apenas o egoísmo gera ciúme e despeito, vingança e discórdia,
acusação e cegueira.
O amor, longe disso, sabe rejubilar-se com a alegria dos corações amados,
esposando-lhes as lições e dificuldades, as dores e os compromissos.
Não se atropela, nem se desmanda.
Abraça o sacrifício próprio, em favor da felicidade da criatura a quem ama, a razão
da própria felicidade.
Por esse motivo, o amor verdadeiro não há sinal de qualquer precipitação
conclamando à imoderação ou à loucura.
O Apóstolo Paulo afirmou divinamente inspirado: - “O amor tudo sofre...”.
E, de nossa parte, acrescentamos: - O amor genuíno jamais se desregra ou se
cansa, porque realmente sabe esperar.

(Palavras de Vida Eterna; cap. 32)

quinta-feira, 3 de maio de 2012

COMBATENDO A SOMBRA


“E não vos conformei com este mundo, mas transformai-vos...”
– Paulo- (Romanos, 12:2.)
O aviso evangélico é demasiado eloqüente, todavia é imperioso observar-lhe a
expressão profunda.
O apóstolo devidamente inspirado adverte-nos de que em verdade, não nos será
possível a tácita conformação com os enganos do mundo do mundo, tanta vez abraçados
espontaneamente pela maioria dos homens, no entanto, não nos induz a qualquer atitude
de violência.
Não nos pede rebelião e gritaria.
Não nos aconselha azedume e discussão.
Na palavra da Boa Nova solicita-nos simplesmente a nossa transformação.
Não nos cabe, a pretexto de seguir o Mestre, sair de azorrague em punho, golpeando
aqui e ali, na pretensão de estender-lhe a influência.
É imprescindível adotar a conduta dele próprio que, em nos conhecendo as viciações e
fraquezas, suportou-nos a rijeza de coração, orientando-nos para o bem, cada dia, com o
esforço paciente da caridade que tudo compreende para ajudar.
Não movimentes, desse modo, o impulso da força, constrangendo os semelhantes a
determinadas regras de conduta, diante da ilusão em que se comprazem.
Renovemo-nos para o melhor.
Eleva o padrão vibratório das emoções e dos pensamentos.
Cresce para a Vida Superior e revela-te em silêncio, na altura de teus propósitos,
convertendo-te em auxiliar precioso da divina iluminação do espírito, na convicção de que
a sementeira do exemplo é a mais duradoura plantação no solo da alma.
Não te resignes aos hábitos da treva. Mas, clareia-te por dentro, purificando-te sempre
mais, a fim de que a tua presença irradie, em favor do próximo, a mensagem persuasiva
do amor, para que se estabeleça entre os homens o domínio da eterna luz.

(Palavras de Vida Eterna; cap. 31)

quarta-feira, 2 de maio de 2012

MODO DE FAZER




De sorte que haja em vós o mes­mo sentimento que houve também em Cristo Jesus.” — Paulo. (FILIPENSES, capítulo 2, versículo 5.)


Todos fazem alguma coisa na vida humana, mas raros não voltam à carne para desfazer quanto fi­zeram.
Ainda mesmo a criatura ociosa, que passou o tempo entre a inutilidade e a preguiça, é constran­gida a tornar à luta, a fim de desintegrar a rede de inércia que teceu ao redor de si mesma.
Somente constrói, sem necessidade de repara­ção ou corrigenda, aquele que se inspira no padrão de Jesus para criar o bem.
Fazer algo em Cristo é fazer sempre o melhor para todos:
Sem expectativa de remuneração.
Sem exigências.
Sem mostrar-se.
Sem exibir superioridade.
Sem tributos de reconhecimento.
Sem perturbações.
Em todos os passos do Divino Mestre, vemo-lo na ação incessante, em favor do indivíduo e da cole­tividade, sem prender-se.
Da carpintaria de Nazaré à cruz de Jerusalém, passa fazendo o bem, sem outra paga além da ale­gria de estar executando a Vontade do Pai.
Exalta o vintém da viúva e louva a fortuna de Zaqueu, com a mesma serenidade.
Conversa amorosamente com algumas crianci­nhas e multiplica o pão para milhares de pessoas, sem alterar-se.
Reergue Lázaro do sepulcro e caminha para o cárcere, com a atenção centralizada nos Desígnios Celestes.
Não te esqueças de agir para a felicidade co­mum, na linha infinita dos teus dias e das tuas horas. Todavia, para que a ilusão te não imponha o fel do desencanto ou da soledade, ajuda a todos, indistin­tamente, conservando, acima de tudo, a glória de ser útil, “de modo que haja em nós o mesmo sentimento que vive em Jesus-Cristo”.

(Fonte Viva; cap 2)

terça-feira, 1 de maio de 2012

ANTE A LIÇÃO




Considera o que te digo, porque o Senhor te dará entendimento em tudo.” — Paulo. (2ª EPÍSTOLA A TIMÓTEO, capítulo 2, versículo 7.)


Ante a exposição da verdade, não te esquives à meditação sobre as luzes que recebes.
Quem fita o céu, de relance, sem contemplá-lo, não enxerga as estrelas; e quem ouve uma sinfonia, sem abrir-lhe a acústica da alma, não lhe percebe as notas divinas.
Debalde escutarás a palavra inspirada de pre­gadores ardentes, se não descerrares o coração para que o teu sentimento mergulhe na claridade bendita daquela.
Inúmeros seguidores do Evangelho se queixam da incapacidade de retenção dos ensinos da Boa Nova, afirmando-se ineptos à frente das novas revelações, e isto porque não dispensam maior trato à lição ouvida, demorando-se longo tempo na provin­cia da distração e da leviandade.
Quando a câmara permanece sombria, somos nós quem desata o ferrolho à janela para que o sol nos visite.
Dediquemos algum esforço à graça da lição e a lição nos responderá com as suas graças.
O apóstolo dos gentios é claro na observação.
Considera o que te digo, porque, então, o Senhor te dará entendimento em tudo.”
Considerar significa examinar, atender, refletir e apreciar.
Estejamos, pois, convencidos de que, prestando atenção aos apontamentos do Código da Vida Eterna, o Senhor, em retribuição à nossa boa-vontade, dar-nos-á entendimento em tudo.

(Fonte Viva; cap. 1)