quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Discípulos.



E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo.” — Jesus. (LUCAS, capítulo 14, versículo 27.)

Os círculos cristãos de todos os matizes perma­necem repletos de estudantes que se classificam no discipulado de Jesus, com inexcedível entusiasmo verbal, como se a ligação legítima com o Mestre esti­vesse circunscrita a problema de palavras.
Na realidade, porém, o Evangelho não deixa dúvidas a esse respeito.
A vida de cada criatura consciente é um con­junto de deveres para consigo mesmo, para com a família de corações que se agrupam em torno dos seus sentimentos e para com a Humanidade inteira.
E não é tão fácil desempenhar todas essas obri­gações com aprovação plena das diretrizes evan­gélicas.
Imprescindível se faz eliminar as arestas do pró­prio temperamento, garantindo o equilíbrio que nos é particular, contribuir com eficiência em favor de quantos nos cercam o caminho, dando a cada um o que lhe pertence, e servir à comunidade, de cujo quadro fazemos parte.
Sem que nos retifiquemos, não corrigiremos o roteiro em que marchamos.
Árvores tortas não projetam imagens irrepreen­síveis.
Se buscamos a sublimação com o Cristo, ouça­mos os ensinamentos divinos. Para sermos discípu­los dele é necessário nos disponhamos com firmeza a conduzir a cruz de nossos testemunhos de assimi­lação do bem, acompanhando-lhe os passos.
Aprendizes existem que levam consigo o madei­ro das provas salvadoras, mas não seguem o Senhor por se confiarem à revolta através do endurecimento e da fuga.
Outros aparecem, seguindo o Mestre nas frases bem-feitas, mas não carregam a cruz que lhes toca, abandonando-a à porta de vizinhos e companheiros.
Dever e renovação.
Serviço e aprimoramento.
Ação e progresso.
Responsabilidade e crescimento espiritual.
Aceitação dos impositivos do bem e obediência aos padrões do Senhor.
Somente depois de semelhantes aquisições é que atingiremos a verdadeira comunhão com o Divino Mestre.

(Fonte Viva; cap. 58)

LEGIÃO

"E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu ele:
Legião é o meu nome, porque somos muitos."
(Marcos, 5:9.)
Consciências oneradas em culpas e desacertos de numerosas reencarnações, ser-nos-á
justo ponderar a resposta do espírito conturbado e infeliz à pergunta do Mestre.
"Legião é o meu nome, — disse ele, — porque somos muitos."
Iniludivelmente, ainda hoje, em nos aproximando do Senhor, reconhecemo-nos, não
apenas afinados com vários grupos de companheiros tão devedores quanto nós, mas
igualmente em lamentável dispersão íntima, qual se encerrássemos um feixe de
personalidades contraditórias entre si.
Ao contato das lições de Jesus, é que, habitualmente, nos vemos versáteis e
contraproducentes, qual ainda somos...Acreditamos na força da verdade, experimentando
sérios obstáculos para largar a mentira; ensinamos beneficência, vinculados a profundo
egoísmo; destacamos os méritos do sacrifício pela felicidade alheia, agarrados a
vantagens pessoais;manejamos brandura em se tratando de avisos para os outros e
estadeamos cólera imprevista se alguém nos causa prejuízo ligeiro; proclamamos a
necessidade do espírito de serviço, reservando ao próximo tarefas desagradáveis;
pelejamos pela paz nos lares vizinhos, fugindo de garantir a tranqüilidade na própria casa;
queremos que o irmão ignore os golpes do mal que lhe estraçalham a existência e
estamos prontos a reclamar contra a alfinetada que nos fira de leve; salientamos o
acatamento que se deve aos Desígnios Divinos e pompeamos exigências disparatadas,
em se apresentando o menor de nossos caprichos.
Sim, de modo geral, somos individualmente, diante de Jesus, a legião dos erros que já
cometemos no pretérito e dos erros que cultivamos no presente, dos erros que
assimilamos e dos erros que aprovamos para nos acomodarmos às situações que nos
favoreçam.

(Palavras de Vida Eterna; cap. 167)

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

APRENDAMOS QUANTO ANTES



Como, pois, recebestes o Senhor Jesus-Cristo, assim também andai nele.” — Paulo. (COLOSSENSES, CAPÍTULO 2, VERSÍCULO 6.)


Entre os que se referem a Jesus-Cristo podemos identificar duas grandes correntes diversas entre si: a dos que o conhecem por informações e a dos que lhe receberam os benefícios. Os primeiros recolheram notícias do Mestre nos livros ou nas alheias exorta­ções, entretanto caminham para a situação dos se­gundos, que já lhe receberam as bênçãos. A estes últimos, com mais propriedade, dever-se-á falar do Evangelho.
Como encontramos o Senhor, na passagem pelo mundo? As vezes, sua divina presença se manifesta numa solução difícil de problema humano, no resta­belecimento da saúde do corpo, no retorno de um ente amado, na espontânea renovação da estrada comum para que nova luz se faça no raciocínio.
Há muita gente informada com respeito a Jesus e inúmeras pessoas que já lhe absorveram a salva­dora caridade.
É indispensável, contudo, que os beneficiários do Cristo, tanto quanto experimentam alegria na dá­diva, sintam igual prazer no trabalho e no testemu­nho de fé.
Não bastará fartarmo-nos de bênçãos. É neces­sário colaborarmos, por nossa vez, no serviço do Evangelho, atendendo-lhe o programa santificador.
Muitas recapitulações fastidiosas e muita ativi­dade inútil podem ser peculiares aos espíritos mera­mente informados; todavia, nós, que já recebemos infinitamente da Misericórdia do Senhor, aprendamos, quanto antes, a adaptação pessoal aos seus sublimes desígnios.

(Pão Nosso; cap. 73)

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

TESTEMUNHO DOMÉSTICO

"Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé". PAULO em Gálatas 6:10

          Decerto que o apóstolo Paulo, em nos recomendando carinho especial para com a família da nossa fé, mantinha em vista a obrigação inarredável da assistência imediata aos que convivem conosco.
           Se não formos úteis e compreensivos, afáveis e devotados, junto de alguns companheiros, como testemunhar a vivência das lições de Jesus, diante da Humanidade?
          Admitimos, porém, à luz da doutrina espírita, que o aviso apostólico se reveste de significação mais profunda. É que, entre os nossos domésticos, estão particularmente os laços de existências passadas, muitos deles reclamando reajuste e limpeza.
          Na equipe dos familiares do dia-a-dia formam, comumente, aqueles espíritos que, por força de nossos compromissos do pretérito, nos fiscalizam, criticam, advertem e experimentam.
          Sempre fácil dar boa impressão a quem não prive intimamente conosco. Num gesto ou numa frase, arrancamos, de improviso, o aplauso ou a admiração de quantos nos encontram exclusivamente na paisagem escovada dos atos sociais. Diante dos amigos que se despedem de nós, depois de uma solenidade ou de qualquer encontro formal, nada difícil cairmos desastradamente sob a hipnose da lisonja, com que se pretende exagerar as nossas virtudes de superfície.
          Examinemos, contudo, as nossas conquistas morais, demonstrando-as perante aqueles que nos conhecem os pontos fracos.
          Não nos iludamos. Façamos o bem a todos, mas provemos a nós mesmos, se já somos bons, fazendo o bem, a cavaleiro de todos os embaraços, diante daqueles que diariamente nos acompanham a vida, policiando o nosso comportamento entre o bem e o mal.

(Palavras de Vida Eterna, cap. 169)

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Passes




E rogava-lhe muito, dizendo: Minha filha está moribunda; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare, e viva.” — (MARCOS, capítulo 5, versículo 23.)


Jesus impunha as mãos nos enfermos e transmi­tia-lhes os bens da saúde. Seu amoroso poder conhe­cia os menores desequilíbrios da Natureza e os re­cursos para restaurar a harmonia indispensável.
Nenhum ato do Divino Mestre é destituído de significação. Reconhecendo essa verdade, os após­tolos passaram a impor as mãos fraternas em nome do Senhor e tornavam-se instrumentos da Divina Mi­sericórdia.
Atualmente, no Cristianismo redivivo, temos, de novo, o movimento socorrista do plano invisível, atra­vés da imposição das mãos. Os passes, como trans­fusões de forças psíquicas, em que preciosas energias espirituais fluem dos mensageiros do Cristo para os doadores e beneficiários, representam a continuidade do esforço do Mestre para atenuar os sofrimentos do mundo.
Seria audácia por parte dos discípulos novos a expectativa de resultados tão sublimes quanto os obtidos por Jesus junto aos paralíticos, perturbados e agonizantes.
O Mestre sabe, enquanto nós outros estamos aprendendo a conhecer. É necessário, contudo, não desprezar-lhe a lição, continuando, por nossa vez, a obra de amor, através das mãos fraternas.
Onde exista sincera atitude mental do bem, pode estender-se o serviço providencial de Jesus.
Não importa a fórmula exterior. Cumpre-nos re­conhecer que o bem pode e deve ser ministrado em seu nome.

(Caminho Verdade e Vida; Cap. 153 )

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

PACIFIQUEMOS

"Bem-aventurados os pacificadores,porque serão .
chamados filhos de Deus." JESUS (MATEUS, 5:9)
Não adianta estender a guerra nervosa.
A contradita esperar-te-á em cada canto, porque a paz é fundamento da Lei de Deus.
Observa as catástrofes que vão passando...
Vezes sem conta, o homem faz-se o lobo do próprio homem, destruindo o campo
terrestre; mas Deus, em silêncio, determina que a erva cubra de novo o solo, colocando a
flor na erva e formando o fruto no corpo da própria flor.
Vulcões arruínam extensas regiões, mas Deus restaura as paisagens dilaceradas.
Maremotos varrem cidades, mas Deus indica-lhes outro lugar e ressurgem mais belas.
Terremotos trazem calamidades, aqui e ali, mas Deus reajusta a fisionomia do Globo.
Moléstias estranhas devastam populações inteiras, mas Deus inspira a cabeça de
cientistas abnegados e liquida as epidemias.
Tempestades, de quando em quando, sacodem largas faixas da Terra, mas Deus, pelas
forças da Natureza, faz o reequilíbrio de tudo.
Não te entregues ao pessimismo em circunstância alguma.
Tudo pode ser, agora, diante de ti, aflição e convulsão; contudo, tranqüiliza a vida em
torno, quanto puderes, porque a paz chegará pelas mãos de Deus.

(Palavras de Vida Eterna; Cap. 79)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Interpretação dos Textos Sagrados

                                                           
           


Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação.” — (2ª EPÍSTOLA A PEDRO, capítulo 1, versículo 20.)

Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. Sua luz im­perecível brilha sobre os milênios terrestres, como o Verbo do princípio, penetrando o mundo, há quase vinte séculos.
Lutas sanguinárias, guerras de extermínio, calamida­des sociais não lhe modificaram um til nas palavras que se atualizam, cada vez mais, com a evolução multiforme da Terra. Tempestades de sangue e lágrimas nada mais fizeram que avivar-lhes a grandeza. Entretanto, sempre tardios no aproveitamento das oportunidades preciosas, muitas vezes, no curso das existências renovadas, temos desprezado o Caminho, indiferentes ante os patrimônios da Verdade e da Vida.
O Senhor, contudo, nunca nos deixou desamparadoS.
Cada dia, reforma os títulos de tolerância para com as nossas dívidas; todavia, é de nosso próprio interesse levantar o padrão da vontade, estabelecer disciplinas para uso pessoal e reeducar a nós mesmos, ao contacto do Mes­tre Divino. Ele é o Amigo Generoso, mas tantas vezes lhe olvidamos o conselho que somos suscetíveis de atingir obscuras zonas de adiamento indefinível de nossa ilumi­nação interior para a vida eterna.
No propósito de valorizar o ensejo de serviço, orga­nizamos este humilde trabalho interpretativo (1), sem qualquer pretensão a exegese.
Concatenamos apenas modesto conjunto de páginas soltas destinadas a meditações comuns.
Muitos amigos estranhar-nos-ão talvez a atitude, iso­lando versículos e conferindo-lhes cor independente do capítulo evangélico a que pertencem. Em certas passa­gens, extraimos daí somente frases pequeninas, propor­cionando-lhes fisionomia especial e, em determinadas cir­cunstâncias, as nossas considerações desvaliosas parecem contrariar as disposições do capítulo em que se inspiram.
Assim procedemos, porém, ponderando que, num colar de pérolas, cada qual tem valor específico e que, no imen­so conjunto de ensinamentos da Boa Nova, cada conceito do Cristo ou de seus colaboradores diretos adapta-se a determinada situação do Espírito, nas estradas da vida. A lição do Mestre, além disso, não constitui tão-somente um impositivo para os misteres da adoração. O Evangelho não se reduz a breviário para o genuflexório. É roteiro imprescindível para a legislação e administração, para o serviço e para a obediência. O Cristo não estabelece li­nhas divisórias entre o templo e a oficina. Toda a Terra é seu altar de oração e seu campo de trabalho, ao mesmo tempo. Por louvá-lo nas igrejas e menoscabá-lo nas ruas é que temos naufragado mil vezes, por nossa própria culpa. Todos os lugares, portanto, podem ser consagrados ao ser­viço divino.

(1) Algumas destas páginas, já publicadas na imprensa es­piritista cristã, foram por nós revistas e simplificadas para maior clareza de interpretação. — Nota de Emmanuel.

Muitos discípulos, nas várias escolas cristãs, entrega­ram-se a perquirições teológicas, transformando os ensi­nos do Senhor em relíquia morta dos altares de pedra; no entanto, espera o Cristo venhamos todos a converter-lhe o evangelho de Amor e Sabedoria em companheiro da prece, em livro escolar no aprendizado de cada dia, em fonte inspiradora de nossas mais humildes ações no tra­balho comum e em código de boas maneiras no inter­câmbio fraternal.
Embora esclareça nossos singelos objetivos, noto, an­tecipadamente, ampla perplexidade nesse ou naquele grupo de crentes.
Que fazer? Temos imensas distâncias a vencer no Caminho, para adquirir a Verdade e a Vida na signifi­cação integral.
Compreendemos o respeito devido ao Cristo, mas, pela própria exemplificação do Mestre, sabemos que o labor do aprendiz fiel constitui-se de adoração e trabalho, de ora­ção e esforço próprio.
Quanto ao mais, consola-nos reconhecer que os Tex­tos Sagrados são dádivas do Pai a todos os seus filhos e, por isso mesmo, aqui nos reportamos às palavras sá­bias de Simão Pedro: “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular inter pre­tação.”

EMMANUEL

Livro: Caminho Verdade e Vida